A escrita dela flui naturalmente, é um prolongamento dela própria, do seu sorriso, da sua vida quotidiana, da forma clean que ela tem de encarar as coisas, dos seus sentimentos e inspirações. Deixo-vos o texto, o convite a visitarem o seu blog AQUI... e a descobrirem a razão do seu sucesso na competitiva blogosfera em tão pouco tempo...
Ex-maridos
Só o termo provoca arrepios em algumas
pessoas. Quando alguma coisa que era, deixou de ser, suscita sempre a
curiosidade de todos. Aquela curiosidade natural, meia voyeurismo que, no fundo, não é mais do que querer saber da vida
dos outros. Sobretudo quando o termo ex
se aplica a uma relação. Se falarmos de um professor, ex-professor, de um
carro, ex-carro, um vizinho, ex-vizinho, as antenas não ficam sintonizadas. Mas
se dissermos ex-marido, ex-mulher, ex-amiga, ex-namorado/a, ui, ui! Aí os
radares ficam de tal forma em sintonia que até são capazes de localizar o avião
da Malasya.
Mas eu, pecadora, me confesso. Ao contar-vos
um episódio que tive com o ex-marido de uma amiga minha. Primeiro, ela é que é
minha amiga. Não ele. Só aqui já dá para ver o meu ponto de vista. Segundo,
encontrei-o com a sua nova mulher (a principal causa da separação) e com os
seus novos filhos, fruto da traição. Pronto, já disse tudo o que queriam saber!
J
Foi inevitável! Apreciar a nova família
feliz. Apreciá-lo, neste papel que não é novo, pois já tinha sido casado e já
tinha filhos. Do casamento. Tentar perceber a mais-valia do abandono de uma
situação para viver outra completamente igual. Não fazer comentários.
Fundamental! Lidar com a situação com a maior naturalidade possível. Mas, na
verdade, depois de tanto tempo, depois da sua postura, pois também se divorciou
dos amigos, perderam-se coisas… e a naturalidade ficou um bocadinho
condicionada. Eu esforcei-me. Juro! (tenho a mão direita levantada)
Falamos, quando nos vemos. Já nos tínhamos
cruzado. Mas assim, em família, foi a primeira vez. E eu, que não sou de
intrigas, digo-vos uma coisa: os homens são mesmo previsíveis. A outra, a nova
mulher dele, é i-g-u-a-l à minha amiga. IGUAL! Acreditam? Nem mais gorda, nem
mais magra. Nem mais alta, nem mais baixa. Nem mais loura, nem menos morena.
Igual! Fisicamente!
Claro que a cumprimentei. Claro que fiz
conversa de circunstância. Mesmo porque com crianças à volta há sempre o que
dizer. Mas confesso, fiz um esforço enorme para ouvi-la. Enorme! Não se ouve.
Tem uma voz sumida. Acriançada. Submissa. E, aqui, encontrei a diferença. A
minha amiga faz-se ouvir. A sua presença é notada. Dada a uma boa fundamentação.
Vive a vida com emoção.
É claro que a minha amiga, para mim, será
sempre uma heroína. Uma mulher que é trocada por outra, da noite para o dia,
com dois filhos pequenos nos braços, deixa qualquer uma de nós de rastos.
Pensar na situação. Imaginar que poderia ter sido connosco. Quem passou pelo
mesmo, reacende as memórias. Quem não passou pensa que não está livre disso.
Surgem muitos pontos de interrogação.
Mas superar um divórcio, quando não é de
acordo mútuo, não é fácil. O investimento para que o casamento ou
relacionamento dê certo é muito grande. Acompanhado de uma grande expectativa
de resultados. É o acreditar que connosco será diferente. O que sabemos, à
partida, não ser fácil. Mas testamo-nos. Ao tentarmos. E desiludimo-nos. Quando
falha. Agora, superar um divórcio em função de uma traição… penso que a
dificuldade será muito maior. Além do aspecto emocional, há um preconceito
social. Atiça familiares e amigos. Fragiliza as emoções. Obviamente, para quem
considere a infidelidade algo que vai contra os seus próprios princípios. Mas,
ainda assim, saber que se é trocado por outra pessoa...
Não foi nada comigo, mas ao olhar para o
ex-marido da minha amiga, levanto questões. Será que, no caso dele, falou mais
alto o seu ego? Apenas isso? Será que é da sua natureza trair e que, mais tarde
ou mais cedo, irá fazer o mesmo à nova mulher? Será que a nova mulher dele não
tem medo que ele bata com a porta e a deixe com os filhos nos braços, tal como
fez anteriormente?
É que, neste caso, não se tratou de uma escapadela.
Não houve oportunidade para reflectir sobre o assunto. Ele não deu espaço, nem
tempo, nem lugar à discussão. Nem quis saber de preparar o terreno. Pura e
simplesmente, saiu. De casa. Da noite para o dia.
Choveram palpites. Teorias. Histórias. Sugestões.
Que nada acrescentaram à experiência de quem, de repente, fica sem trapézio.
Com os planos a meio. Com o caminho por fazer. Com as despesas correntes nas
costas. Com a casa e o carro. Com os filhos, sem perceberem, porque é que o pai
não está em casa. Pois até para isto são precisas duas pessoas. As explicações
devidas devem partir dos dois. Mesmo porque a minha amiga nem tinha como
explicar o quê. Nem ela sabia bem o que se estava a passar.
Apreciei-o. De alto a baixo. Mais velho,
claro. Mais gordo, claro. Mais descuidado, claro. E ela, a nova. Simpática,
claro. Mas não se ouve... pelo menos na rua. Em casa, não sei. Pois uma mulher
que não se faça ouvir, meus queridos… Das duas uma: ou é mesmo muito esperta e
tem-no na mão sem ele perceber ou vai-se calando e calando e calando, até ao
dia em que perde a voz. De vez. Não sei. Talvez seja disso que ele gosta…
E não me venham falar de amor. E blá, blá,
blá… Que alimenta a alma. Que move montanhas. Ou que é disso que as pessoas
vivem. Amor, amor? Amor por alguém? Sim, sentimo-lo, verdadeiramente. Mas não
permanece em nós para sempre. Esse amor. Talvez paixão. Ardor. Fulgor. Que se
vai como veio no bico de um condor.
Como diz um amigo meu, advogado:
O casamento
é um contrato. Se houver amor, melhor.
Claúdia Marques
Obrigado pelo convite. Sinto-me muito feliz pela excepção que abriste. E obrigado pelo champanhe com groselhas que serviste como aperitivo ao meu texto. Sinto-me uma superstar com direito a red carpet. Sim, porque esta "simbiose" entre uma blogger de moda reconhecida e uma espécie de blogger que fala do quotidiano não é, propriamente, uma equação com resto zero. Deve ser pelo que disseste: sem papas na língua! Olha aí está um denominador comum. Beijinhos.
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