Corro o risco de ninguém entender este meu fascínio por
provadores de lojas de fast fashion, mas, considero aquilo o limbo, onde as
meninas mal comportadas se encontram com as bem comportadas, como numa sala de
espera de aeroporto, sendo que umas embarcarão para o Inferno e outras para o
prometido paraíso, logo que experimentem a primeira peça de roupa, em especial,
se forem skinny jeans. Desconheço quem concebe os provadores da Zara, Mango, H&MS…
e afins, mas, certamente, é um homem másculo e mal resolvido, desses que lá no
fundo são gays, mas, a quem a sociedade mete medo e por isso são só misóginos.
É que aquilo em termos de iluminação e qualidade de espelhos ou lá o que raio
é aquilo, até faz com que a Gisele Bündchen tenha olheiras até ao rabo e
celulite das coxas aos dois joelhos. Ora não seria suposto que as condições de iluminística
e perspetiva fossem concebidas para refletir uma imagem positiva da mulher
naquelas roupas e a fizessem sentir para lá de espetacular? Afinal, eles não
querem vender as roupas? Ou, querem, pelo contrário, deprimir a mulher ao ponto
de esta ir enfiar as fuças olheirentas no primeiro pastel de nata que encontrar
e sentar-se em qualquer cadeia de fast food para afogar em poligorduras, as mágoas provocadas pelos naperons
rendilhados que tem agarrados às coxas estilo Bordalo Pinheiro?
E então quando após um longo e pesaroso inverno, em que a
pele apresenta aquela consistência de bolinhas em relevo cor de aviário, de
frango acabado de depenar, decidimos que está na hora de ir comprar um fato de
banho novo? Aí é que a verdadeira viagem às agruras do Inferno começa! A luz é
mais crua que sushi de cação, assim a dar para o amarelado, as rugas de
expressão fitam-nos ameaçadoras, prestes a explodirem de dentro do espelho para
algo parecido com pregas de bebés Michelin e as nossas nádegas são exponenciadas
em má técnica 3D, com aquela expressão descaída de Calimero triste. Corremos
dali para fora como se tivéssemos sido possuídas por uma freira cantora,
macilenta e rabuda, com cara de peixe. Sem percebermos lá muito bem como é que
se deu essa transformação, pois, ainda de manhã nos vimos após o duche, nos
espelhos lá de casa, e a coisa nem estava assim muito má. Corremos a pedir a
expiação dos nossos pecados mortais de consumistas obsessivas, desejosas de
encontrar asinhas de galinha fritas com molho picante e um everest de batatas
fritas, na esperança de exorcizarmos assim o demónio dos provadores de lojas,
não com a cruz mas com comida que engorda antes de matar. Posto isto acho mesmo que existe um conluio entre as lojas de fast fashion e as de fast food, à semelhança do Continente com as Pousadas de Portugal.
Todas as mulheres, a
partir dos 12 anos em média, sofrem da convicção, subjetivamente irremovível,
assim, uma espécie de crença, de que são gordas e que só uma dieta milagrosa
as pode salvar. Depois, passam a vida à procura dessa dieta que as emagrecerá sem fome nem exercício. Até que chegam à proveta idade de 80 anos e, simultaneamente, à conclusão que uma dieta dessas é outro mito urbano. Estou plenamente convencida de que a culpa disso é dos
provadores a que desde tenra idade as nossas mães nos sujeitam, quando nos
arrastam para tardes intermináveis de compras. Nada me parece mais traumático
para a autoestima, nem mesmo a traição do primeiro namorado com a gaja mais
popular lá da escola, do que uma iniciação a um provador para experimentar
roupa no início da adolescência. Ainda para mais porque a conclusão de que o
traidor é estúpido que nem uma porta, não se pode aplicar ao provador que,
raramente, têm portas, talvez para evitar que as pessoas se auto mutilem lá
dentro e se possam entrincheirar de desgosto fazendo reféns até lhe trazerem um
Big Mac duplo.
Sou e sempre fui uma pessoa magra, sendo que o meu peso se
situa entre os 52- 55 kg, mas, juro-vos que dos momentos mais traumáticos da
minha vida, aconteceram em provadores de lojas de roupa barata. Como se não
fosse já suficientemente mau a roupa ter aquele ar de chita mal acabada, com
costuras tortas e pré-borbotos nas cavas, há calças tão estreitas que nem o meu
pé lá cabe e o meu rabo S tem que se apertar num XL mal amanhado. Outras há que
um XS dá para usar de braguilha para a frente ou para trás, à escolha. Mas,
mesmo com números errados, seria suposto que um 36 fosse um 36 universal, mas
às vezes é um 42 e outras vezes é um 32, não era preciso terem inventado os provadores
como terapia de choque para as shopaholics.
Admirada estou eu de não existirem "Grupos de Apoio a Jovens Anónimas" (GAJAS) para vitimas dos provadores com sindrome de Rubens (não existe eu googlei).
Das poucas visitas que fiz a luxuosa boutiques de roupa insanamente cara, os provadores são radicalmente diferentes disto. As cabines são do tamanho de um T1 em área bruta, os espelhos colocados de frente, atrás e dos lados são estratégicamente inclinados para nos fazer mais altas e esguias e a iluminação é tão quente e indireta que não dá para ver nada, pelo que temos que nos deslocar ao centro da loja onde um espelho gigante com moldura doirada e as empregadas solicitas nos aguardam com um role de elogios que faria corar um gigolo italiano. Até no caso de simples provadores de roupa o mundo é bipolar.
Que eu saiba nenhuma mulher saudável deixa de fazer compras em lojas baratas por causas das visitas traumáticas às câmaras da morte da autoestima. Mas, conheço, algumas amigas minhas que até são bem bonitas por sinal, que se recusam a experimentar roupa nessas lojas, pelo que compram sem experimentar e normalmente dá merda. Depois, queixam-se que têm corpos difíceis e que não encontram roupa que lhe caia bem. O que não é de admirar pois a maior parte da roupa feita em séries de milhares de milhões, igualmente, para asiáticas e americanas, latinas e alemãs, só cai bem mesmo a mulheres com vocação para espeto de frango, com tornozelos chupados e cabeças grandes. Fora isso, temos a saga dos provadores mal concebidos e chegamos à conclusão de que as mulheres são todas super. Pois, com roupa mal feita, e com uma imagem refletida que torna supermodelos dos anos 80 em vacas mal paridas, ainda assim, não se inibem de seguir religiosamente os 3 passos da felicidade ECF's: Experimentam, Compram e sentem-se Fabulosas. Não há teoria da conspiração que transforme o prazer de ter roupa para estrear, nem engenheiros misóginos dos provadores que nos metam medo e nos afastem da nossa paixão pela moda à medida da nossa carteira.
Das poucas visitas que fiz a luxuosa boutiques de roupa insanamente cara, os provadores são radicalmente diferentes disto. As cabines são do tamanho de um T1 em área bruta, os espelhos colocados de frente, atrás e dos lados são estratégicamente inclinados para nos fazer mais altas e esguias e a iluminação é tão quente e indireta que não dá para ver nada, pelo que temos que nos deslocar ao centro da loja onde um espelho gigante com moldura doirada e as empregadas solicitas nos aguardam com um role de elogios que faria corar um gigolo italiano. Até no caso de simples provadores de roupa o mundo é bipolar.
Que eu saiba nenhuma mulher saudável deixa de fazer compras em lojas baratas por causas das visitas traumáticas às câmaras da morte da autoestima. Mas, conheço, algumas amigas minhas que até são bem bonitas por sinal, que se recusam a experimentar roupa nessas lojas, pelo que compram sem experimentar e normalmente dá merda. Depois, queixam-se que têm corpos difíceis e que não encontram roupa que lhe caia bem. O que não é de admirar pois a maior parte da roupa feita em séries de milhares de milhões, igualmente, para asiáticas e americanas, latinas e alemãs, só cai bem mesmo a mulheres com vocação para espeto de frango, com tornozelos chupados e cabeças grandes. Fora isso, temos a saga dos provadores mal concebidos e chegamos à conclusão de que as mulheres são todas super. Pois, com roupa mal feita, e com uma imagem refletida que torna supermodelos dos anos 80 em vacas mal paridas, ainda assim, não se inibem de seguir religiosamente os 3 passos da felicidade ECF's: Experimentam, Compram e sentem-se Fabulosas. Não há teoria da conspiração que transforme o prazer de ter roupa para estrear, nem engenheiros misóginos dos provadores que nos metam medo e nos afastem da nossa paixão pela moda à medida da nossa carteira.
A-do-rei este post!!! O drama é igual para todas ��. E quando é para experimentar bikinis ainda piora.
ReplyDelete