Friday, January 31, 2014

INSPIRATION: HAPPY CHILDREN AS A RIGHT NOT A QUESTION!


 
 
 
Não sou muito do género de me deixar levar por questões ‘fraturantes’ ou ‘politicamente incorretas’ como agora se diz pelos jornalistas da nossa praça, essas que implicam dux’s ou co-adoções e congéneres e que toda a gente fala porque sim… durante os 30 segundos de fama que implode em cada um de nós pelo menos uma vez ao dia. Como se costuma dizer há certas questões que ‘cada cabeça sua sentença’ e quanto a isso não há nada a dizer. Respeito todas as opiniões que respeitem a minha, só posso falar da minha experiência e do que me é dado observar por aí.

Posso dar-vos o caso do Sr. Malaquias Pimentão que conheci, pessoalmente, em circunstâncias profissionais, do tempo em que fui advogada, pai de dois infantes e devoto esposo da D. Mariazinha Pimentão (nomes alterados por questões de privacidade como se impõe). O Sr. Malaquias Pimentão seria considerado em termos sociais e legais como um bom pai de família, apesar de se embebedar todos os dias santos, arreigar no canastro da mulher as suas frustrações de homem matulão e energúmeno, e de jamais ter pegado num filho ao colo, mudado a fralda ou dado um biberão que isso nem seria muito grave se a ausência desses mimos não implicasse um total abandono das suas obrigações de progenitor, incluindo cuidar e educar como reza a Bíblia (acho eu) e todos os manuais de instruções para pais (descontando os muito modernos que pregam a filosofia do abandono por tolerância de toda e qualquer má-criação e sucessivas compensações em forma de chocolates e ipads).

 Acontece que o Sr. Malaquias Pimentão como bom português era possuído por um primarismo espertalhão baseado na filosofia do desenrascanço, e já que o dinheiro dos biscates não chegavam para pagar os vícios da bebida e do tabaco, soube por portas e travessas que fazer filhos lhes dava direito a um rendimento mínimo garantido e mais abonos para os putos. Pelo que como já não conseguia alçar a 3ª perna em virtude dos nefastos efeitos dos vapores alcoólicos, decidiu adotar um e levou a sua avante. Dizia-se no relatório das assistentes sociais que acompanharam o processo de adoção que o Sr. Malaquias Pimentão para além de ser um bom pai de família, mui honrado e trabalhador, tinha construído com a sua esposa de mais de 30 anos, um lar saudável e equilibrado onde reinava o amor incondicional pelos seus dois filhos. Não se explicitava no relatório que tipo de sexualidade praticava o Sr. Pimentão, com que frequência ocorre o ato, em que locais, quanto tempo dura, etc. Pelos vistos isso eram questões que não interessavam nada ao bem-estar do futuro adotado. Quanto à devota esposa que há mais de 30 anos sofria todo o tipo de agressões em silêncio, também não era agora que ia lançar a boca no trombone. Os filhos deste exemplar casal nunca foram ouvidos, apesar de viverem no terror de ouvirem os passos do pai à noite a aproximar-se de casa e o som terrífico da chave a rodar na fechadura. Nem sequer os vizinhos de cima foram inquiridos sobre os sons deveras suspeitos que vinham do andar de baixo, ou mesmo o facto de que ouviam certas coisas que nenhuma criança deveria ouvir.

Um dia deu-se a desgraça que todos estavam á espera que acontecesse, desvairado com uma aguardente fora de prazo que lhe atingiu os fígados do lobo central do seu enfrascado cérebro, o Sr. Malaquias Pimentão atirou a mulher pelas escadas abaixo que logo ali encontrou a paz eterna porque tanto ansiava. O Sr. Pimentão foi preso por homicídio involuntário da esposa e os filhos atirados para uma instituição sobrelotada e apostada em fazer os filhos de proscritos continuarem a saga dos progenitores, rumo à marginalidade e ao vício.

 



 Entretanto, a Sra. Mariazinha Pimentão que Deus a tenha no descanso merecido, tinha um irmão e tio das crianças. Ao saber da tragédia, logo deu início ao processo de adoção dos sobrinhos, apostado em retira-los do orfanato antes que se transformassem em Malaquiazinhos. Vieram novamente as Sras assistentes sociais que mudaram completamente os critérios do respetivo relatório e concluíram que o tio, candidato a adoção e seu legal marido, não reuniam os requisitos que a Bíblia exigia, que Deus recomenda e a natureza sanciona. Um advogado esperto e muito bem cotado no raking dos advogados especializados em chico-espertismo, aconselhou o tio das crianças a mudar o processo de adoção em nome individual, nem que para isso tivesse que ignorar os direitos do seu legítimo esposo que respeitava e amava, partilhando a vida comum há mais de 20 anos.

 É que aos olhos dos seus concidadãos e da lei, uma coisa é o tio das crianças ser um homossexual bem casado e pagador dos seus impostos, com uma vida equilibrada e estável, outra coisa é ser um gay dissimulado, não importando nada que leve uma vida sexual desregrada (como aliás também acontece aos hétero… e a pessoas de todos os tipos e raças) desde que o lar fosse impoluto e sagrado, ou seja, que fizesse as porcarias longe da vista das crianças. No 1º caso a adoção das criancinhas Malaquias seria contra natura e nefasta a um saudável e harmonioso crescimento. No 2º caso, aplicando-se a regra longe da vista longe do coração, estaria tudo certo e o tio poderia eventualmente adotar, desde que ninguém soubesse de que forma, onde e com quem gostava de praticar o ato sexual.

O que quase ninguém refere sobre este polémico assunto é que a questão central não é o direito de adotar seja por quem for, mas, o direito das crianças a serem adotadas e integradas numa família que as ame, cuide, eduque e respeite. Se essa família é constituída por duas pessoas de sexo diferente, do mesmo sexo, monoparental, negra, amarela, às riscas, ateia, cristã, budista, benfiquista, etc. etc. na minha opinião não é o cerne da questão ou não fosse a diversidade uma das características mais ricas do Ser Humano. O que não pode ser é que um pai que bate, abandona, maltrata a mãe, não cuida e não educa ser considerado apto para adotar à partida, só porque pratica sexo com fémeas, não importando com quantas, com quem, onde e como porque isso são questões do foro intimo, por isso muito difíceis de provar e determinar. Outra coisa é um casal homossexual (ou lésbico) ser considerado inapto para adotar, à partida, transformando essas questões que antes eram do foro intimo – por isso invioláveis e inquestionáveis, alvo de discussão pública e quiçá referendáveis.

Na minha opinião, nenhum casal seja de que tipo for, devia ser sujeito a refendo, muito menos sobre as questões mais intimas que só dizem respeito a cada um. Isto porque acho que a questão está mal colocada à partida. Alguém concorda que seja referendado o direito a uma criança ter uma família que a cuide e eduque com amor e respeito? Porque, afinal , é disso que se trata. Podemos nós em livre consciência pronunciarmo-nos por todas as crianças portuguesas que foram abandonadas e vítimas de maus tratos pela família que as deviam amar e proteger, no sentido de dizermos aquilo que elas têm ou não direito? Os direitos de uma criança são referendáveis?

O que está a acontecer é um aceso litígio entre dogmas político- partidários que se protegem na cobardia da moral e bons costumes, para não assumirem posições incómodas que podem ser comprometedoras para o seu carreirismo partidário. Mesmo que isso se faça a custo dos direitos das crianças portuguesas. Varrem assim a decisão para a sociedade civil, através de um argumento infalível de que o referendo é um ato de democracia pura previsto na Sagrada Constituição. Mais uma vez se confunde o cú com as calças (o que neste caso é uma expressão totalmente adequada), pois, o que irá a referendo é o direito dos casais homossexuais co-adotarem e não o direito das crianças serem adotadas!!!

Quanto a mim, que me desculpem os mais púdicos, porque sou muito esquisita quando se trata de crianças, não me interessa nada que os candidatos a pais façam sexo ‘by de book’ ou by da Bíblia, de pé ou de joelhos, sejam sportinguistas ou gostem de amarelo, venerem o Buda ou o Mandela, Clinton ou Obama… o que realmente me interessa é que a criança seja adotada por uma família que cumpra ‘by the book’ os princípios e direitos das crianças, e sobretudo que as amem muito e muito e muito.  

E não me venham dizer que as preferências sexuais dos pais interferem na educação de uma criança, pois, que sim, mas, e a violência doméstica, a ausência, os abusos físicos e psicológicos não interferem na formação da personalidade de uma criança? E a prática reiterada de carências e abusos emocionais em instituições cujas condições deixam muito a desejar? Sim, façam um referendo sobre isso, façam a pergunta mais simples do mundo: Acham que uma criança não tem direito a ser feliz porque foi rejeitada e maltratada em algum momento da sua vida? E depois referendem-na. Mas, não percam de vista o cerne da questão: A CRIANÇA!

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