Thursday, July 12, 2012

INSPIRATION: THE ART OF BEING SUPERFLUOUS




Jean Paul Gaultier Fall 2012 Couture


Hoje recebi uma mensagem via facebook de uma senhora que não está entre os meus amigos facebookianos e que dizia simplesmente “Superfula”. Descontando os erros gramaticais da palavra que pode bem dizer algo sobre o perfil da senhora em causa, a palavra supérflua deixo-me a pensar… De facto, numa leitura mais supérflua é certo que a maior parte dos meus posts no facebook e aqui no blog –se debruçam sobre o pacote exterior das pessoas, o que elas vestem ou calçam, como se apresentam e como comunicam porque o tema principal é a moda. Mas, tenho tido a preocupação (que não é bem uma preocupação, mas, antes um gosto pessoal em faze-lo) de acentuar o lado artístico e criativo das pessoas de quem falo. Não entrando na eterna discussão se a moda é uma arte autónoma e se possui o mesmo estatuto da pintura, da literatura ou da arquitectura entre outras, sou da opinião que a moda é uma disciplina criativa que hoje em dia está absolutamente dependente de outras disciplinas criativas correlacionadas e sem as quais não sobrevive como sejam a fotografia, a cenografia, a música, o cinema e vídeo, a coreografia, etc. etc. Montar uma campanha publicitária para promover uma marca de moda exige hoje contratar os melhores fotógrafos, os melhores realizadores e produtores, a nata dos stylists, maquilhadores e cabeleireiros e muitos outros que tornam possível que essas campanhas a meu ver sejam autênticas obras de arte, por vezes curtas-metragens realizadas pelos mais conceituados realizadores de cinema, tudo do melhor que há na arte contemporânea. Também é sabido das estreitas colaborações entre certas marcas e grandes artistas reconhecidos como os melhores na sua área, pintores, ilustradores, arquitectos, designers que dão aos produtos comercializados pela marca o seu toque pessoal e criativo e que só com muito preconceito se pode dizer que não é arte porque é moda ou resulta num objecto útil como uns ténis ou uma mala. O que esta senhora que me interpelou no facebook desconhece, provavelmente, é que a moda não é só os sapatos B, o vestido A ou a personalidade pública X; O que essa senhora ainda jovem e com a cabeça cheia de preconceitos supérfluos não entende é que se é certo que a moda é, sobretudo, aquilo que os criadores e designers criam a cada seis meses, mas, que apesar da sua volatilidade e das pressões de mercado e das marcas que representam para vender e dar lucro, são criações com tanto valor como uma escultura fabulosa na areia ou no gelo, um graffiti como arte de rua ou uma representação excepcional no teatro que apesar de ter consumo instantâneo ninguém discute que é arte. Por outro lado, um vestido de alta-costura pode levar meses e meses a ser feito à mão e ponto por ponto tecido o seu bordado ou renda ou pregas por autênticas artistas artesãs… e, depois, vir a ser apreciado anos mais tarde, numa qualquer exposição como representante por direito de um certo estilo de época ou ilustrar um pedaço da nobre História e servir para compreende-la, disciplina que ninguém discute a intelectualidade inerente. Por certo existe muita coisa (e pessoas) supérfluas à volta da moda, como existe à volta de determinados artistas e actores e que se aproveitam dos seus talentos para parasitar e obterem créditos sociais. Mas, o medíocre ambiente que se vive, por vezes, à volta da moda não é culpa dos criadores e designers ou das pessoas envolvidas no processo criativo. São soundbites de gente que tais insectos parasitas habitam as luzes da ribalta conseguida pelo talento e mérito de outros, esses sim os verdadeiros artistas. Nem sequer tenho a certeza de que os talentosos criadores de moda estejam de facto preocupados em classificações supérfluas de que o que fazem é ou não é arte. Isso é tão-só uma questão teórica para os críticos e teorizadores que gostam de justificar tudo e de classificar cada átomo que existe e assim se entreterem enquanto os criadores inventam e criam algo de extraordinário. Só tenho a certeza daquilo que eu faço no meu blog e divulgo nas redes sociais que é uma declaração diária de amor ao que a vida tem de mais belo que me encanta e me inspira a ser uma pessoa mais bonita e melhor, seja o belo criado pelo homem, pela natureza ou por um feliz acaso a que muitos chamam deus. Se isso é supérfluo, pois, seja, mas, sinceramente mete-me dó tais pessoas que só consideram profundo e digno de nota a fealdade e o preconceito, a começar pelas suas próprias pessoas que teriam muito a ganhar se de vez em quando se deixassem inundar pelo supérfluo de quererem ser bonitas, saudáveis e mais tolerantes.   

Dasha Z by Nikolay Biryukov in ‘Mirror, Mirror’ for Fashion Gone Rogue


      

1 comment:

  1. Paula, diga para esta senhora "superfula" que assista o filme "O diabo veste Prada", especialmente o fantástico dircurso da personagem da Merryl Streep onde ela dá uma aula sobre o que é o mundo da moda, para a novata Anne Hathaway quando esta faz um comentário infeliz sobre a superficialidade da dúvida entre o cinto cerúleo e o azul, fantástico.

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