Quando era uma Teen deslumbrada pelas mulheres que apareciam nas revistas de moda estrangeiras (isto passa-se no tempo pré-Vogue Portuguesa e pré-Maxima que só aparecem um pouco mais tarde) e queria compensar o meu 1,68 que achava “Too shorty” com uma magreza a la pele, fazia dietas que nunca duravam mais de umas horas até que a minha avó aparecesse com os sonhos de abóbora, o arroz doce cremoso e a sopa de feijão com massa e nabiça regada com azeite dourado. Aí prometia a mim mesma que recomeçava a dieta no dia seguinte que normalmente acabava logo com o pequeno-almoço de torradas de pão alentejano com manteiga caseira e açúcar amarelo por cima e um grande copo de leite com toda a gordinha nata fabricada pela santa vaca. Obviamente, que a alimentação era a mais correcta possível mas nessa época, há quarenta anos atrás – ninguém falava em dieta mediterrânica – pouco se sabia de nutrição e seguia-se a tradição e o pouco dinheiro fazia com que se recorre-se só aos produtos da época e dos arredores das quintas vizinhas (não havia Continentes de hipers nem cartões de desconto mas toda a gente poupava mais). Sempre tive, portanto, o meu peso saudável de 55 kg que eu queria descer obsessivamente para 49 que me parecia um número mágico mais consentâneo com a estreante Kate Moss, mas, felizmente a minha força de vontade não tinha a força suficiente para fazer guerra a um bolo de mel caseiro ou às compotas de fruta sazonal da avó Maria Antónia.
Estava eu no meu primeiro ano da faculdade quando abriu o 1º McDonald’s em Portugal, mais propriamente no luxuoso e enorme (e novíssimo) Centro Comercial Amoreiras. Era o supra sumo do lifestyle urbano e (na altura) trendy ir, depois das aulas às sextas à noite, comer um hambúrguer ao McDonald’s e em seguida (se houvesse dinheiro) ir a uma sessão de cinema nas absolutamente modernas salas do novo Centro Comercial.
Com o advento do fast food a regra d ’O que sabe bem faz bem’ deixou de ser uma evidência que conjugada com as horas progressivamente aumentadas a teclar e a ginasticar somente os músculos dos dedos e as articulações do pulso, fizeram aumentar os nódulos de celulite como crateras lunares enviadas via satélite. Se é certo que o peso se manteve nos 55 kg até hoje isso deve-se sobretudo à lotaria genética cuja sorte me tem favorecido, mas, as horas sentada ao computador e a falta de paciência para comer bem (melhor dizendo cozinhar slow food em lume brando), têm vindo progressivamente a espalmar-me o rabo e a tremer-me o antebraço ao mínimo esboço de adeus. Por isso tomei uma das decisões mais drásticas da minha vida urbana e sedentária – fui viver para uma pequena aldeia deliciosamente rodeada de quintinhas produtoras de todo o tipo de vegetais e fruta, arranjei um jardim que me faz sentir que o meu rabo não é só um apetrecho da Microsoft e para completar o drama inscrevi-me num ginásio low cost com aulas tipo bumbum Brasil e DIY – Abdominais de Aço inoxidável. Isso mais as subidas íngremes em plena Serra de Sintra agora minha vizinha de afortuno que me comprometi a escalar de bike aos fins-de-semana com amigos da natureza, e não tarda estou com o corpo da Demi Mais antes de ela se divorciar do seu Ashton Martin, perdão, Kutcher. Se vou ser mais feliz? Não vos sei dizer, mas, desconfio que o calção do biquíni vai deixar de sobrar para serem as nádegas a delinear a cueca e isso só pode ser bom. Quero em crer que esta nova vidinha vai também delinear o meu coração, faze-lo mais rosado e redondinho, apesar das nádegas terem certamente um efeito directo mais persuasor.
Agora vou ali e já venho ao Did It Yourself – Especial Glúteos e malhar ao som nostálgico do “What a Feeling” from Flashdance.

Que giro!Uma boa nova vida! :)
ReplyDeletebeijinhos!