Na minha busca incessante pela beleza em tudo o que existe, cheguei à conclusão que no que se refere às pessoas a beleza tem mais a ver com boas maneiras e elegância do que no vestir boas marcas e acessórios dispendiosos. Não é por acaso que as minhas “Fashion Heroines” de eleição são sempre pessoas extremamente educadas, delicadas com os outros e isso transborda em gestos, no olhar e até na maneira com que pousam para as câmaras.
A questão é que as boas maneiras e a elegância de espírito que depois se contagia à própria maneira de estar e aparecer, estão hoje cotadas bem abaixo no rating dos “must-have” das it-girls e das celebridades. De facto, é bem mais fácil comprar uma mala Louis Vuitton último modelo e depois aparecer em todo o lado a mostrar a nova aquisição, do que adquirir esse charme natural das pessoas bem educadas que esbanjam respeito e até uma certa humildade sem submissão que não está á venda nas melhores boutiques da 5º Avenida ou na Rive Gauche.
Não me perco na nostalgia do passado, nem sou das que afirmam que o tempo passado é que era fantástico e que o presente é uma miséria, nada disso. É possível encontrar pessoa dotadas de uma elegância excepcional hoje, como há 40 anos atrás. O que mudou tem mais a ver com o paradigma dos lugares onde se encontram essas pessoas realmente belas. Se dantes era fácil encontra-las entre os famosos e nas fotos que as revistas divulgavam incessantemente, passando por actrizes, top models, realeza e outras celebridades, agora é muito mais difícil encontrar esse tipo de pessoas entre as que pisam o tapete vermelho e nas badaladas festas da moda. Elas existem, mas, possivelmente, faz parte do seu conceito de boa educação e elegância não andarem a pavonear-se frente aos paparazzi, fotógrafos de street style e bloggers de diversas proveniências.
A fama pode, muitas vezes, ser uma forma de deselegância se vivida com pompa e circunstância e pouco ou nenhum conteúdo. As pessoas que de repente se viram catapultadas para o barulho dos holofotes, seja por terem tido um sucesso instantâneo num qualquer video do youtube ou reality show televisivo, não tiveram tempo de aprender que o deslumbramento é muitas vezes o antídoto da elegância e usam a arrogância e os maus modos como arma de defesa para uma guerra de audiências para a qual não estão minimamente preparadas. Hoje em dia as celebridades são tão instantâneas como o pudim flan em que basta juntar algum brilho e agitar. Seguindo o caminho mais fácil, deixam-se vestir, adornar e maquilhar por gente que (sobre)vive nas suas sombras, dão-lhe o guião completo para saberem o que dizer em cada momento, e sofrem polimentos de um verniz de fraca qualidade que estala ao mínimo contratempo.
Por mais dinheiro que tenhamos para gastar em roupa, sapatos, malas e acessórios, por mais operações plásticas que façamos, por mais ginásios e personal trainers que frequentemos, por mais que invistamos em produtos milagrosos da última geração para nos mantermos jovens e atraentes, não podemos parar a insustentável inevitabilidade do tempo que por nós passa e nos marca com a vida que levámos.
Estou à beira de completar 47 anos e digo-vos que não é fácil olhar o espelho e repararmos que cada dia nos distanciamos mais do que fomos enquanto jovens inconscientes. E por estar mais consciente de mim sei que não serve de nada negar evidências e afirmar que agora é que é e que a beleza da idade madura é melhor. Tretas e negação não levam a lado nenhum. Não há nada melhor que aquele tempo em que nos levantávamos da cama com as faces rosadas e o cabelo brilhante e desgrenhado e estávamos prontas para fazer um qualquer editorial de moda do tipo “Despertares” ou “Hot Mornings”. É que as manhãs agora não têm nada de “Hot”! Mas, quando saímos da casa de banho, depois de nos perfumarmos e nos esmerarmos com uns cremes e pozinhos de perlimpimpim e nos termos cuidado com carinho e gosto e sobretudo de termos olhado para o espelho e termos gostado de nós, sentimos que a beleza está lá, leva é um bocadinho mais de tempo a acordar!
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