Não sei se sou eu que estou a ficar louca, ou o mundo anda
mesmo surreal. Já nem é uma questão de meteorologia, ou seja, de nevar em
finais de Maio num país que se diz de temperado clima mediterrânico. Nem posso
afirmar que é antes uma questão de renovada crença nos poderes mágicos da
Senhora Fátima que pelos vistos ainda faz aparições privadas à Primeira-Dama portuguesa. Poderíamos
ser levados a pensar que o mundo está louco porque a malta está sem cheta para
curtir a vida de jeito e sem curtição a malta apanha pifos e fica marada dos
cornos para esquecer as contas por pagar… até podia ser. Mas, não é. O mundo
anda inexplicavelmente estranho e não há volta a dar.
Até podia pensar-se que o mundo como é feito maioritariamente
pelas pessoas estas poderiam estar a sofrer de alguma espécie de enfermidade
crónica resultante de uma qualquer mutação genética provocada pelo meio-ambiente
que está nitidamente a decrescer em quarto-ambiente e sucessivos minguantes. Até
podia ser efeitos da austeridade receitada em doses tão letais que já estamos
todos mortos e o mundo transformou-se num cenário cubista dos’The Walking Dead’,
mas, sem o «pão» do polícia!
Se ao menos o mundo ficasse esquisito só daqui as uns anitos,
sempre podíamos argumentar que tudo se ficou a dever à aprovação da lei que
permite uma criança ter dois pais e nenhuma mãe ou vice-versa. Isto apesar de
não se encontrar nenhum estudo sobre as crianças que vivem nos haréns e que têm
dezenas de mães e um pai ausente e sempre cansado de tanto dar ao badalo pelas
sua eternas virgens sutra!!! Por outro lado, ao que consta o Passos Coelho e o
Gaspar tiveram uma mãe e um pai perfeitamente regulares, ao que se sabe não
foram sequer adotados e vejam só os traumas que eles carregam!!!! Decididamente
não é por isso que o mundo anda histérico-neurasténico, ou dito em linguagem
corrente, com uma ganda neura.
A culpa até podia ser atribuída ao gene BRCA1 responsável
pela morte mamária da Angelina Jolie o que nos levaria a pensar n’ As Mamas de Tirésias (1917), a peça
teatral de Apollinaire considerada uma percursora do movimento surrealista.
...Ou, antes, aquele ataque histérico em Lower East Side, New York que depois alastraria ao mundo como a revolta das mulheres renascentistas contra o corpo surreal tipo bombom da Beyoncé, num biquíni H&M, em roll up nas paragens de autocarro. O que as revoltosas reclamam zangadas é que não têm que levar todas as manhãs com a surrealidade das Beyoncés desta vida enquanto esperam pelo autocarro. É que ninguém avisou essas mulheres que Ticiano já era, o Renascentismo morreu e Beyoncé é a nova Maria Madalena em versão “Magritta”.
...Ou, antes, aquele ataque histérico em Lower East Side, New York que depois alastraria ao mundo como a revolta das mulheres renascentistas contra o corpo surreal tipo bombom da Beyoncé, num biquíni H&M, em roll up nas paragens de autocarro. O que as revoltosas reclamam zangadas é que não têm que levar todas as manhãs com a surrealidade das Beyoncés desta vida enquanto esperam pelo autocarro. É que ninguém avisou essas mulheres que Ticiano já era, o Renascentismo morreu e Beyoncé é a nova Maria Madalena em versão “Magritta”.
Depois há aquele
recente estudo da Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
(FAO) que defende que a sustentabilidade da Humanidade pode passar por comer…
insetos!!! Pois que os insetos são uma
fonte de alimentação ecologicamente mais eficiente do que as vacas, os frangos
e os porcos e constituem uma enorme reserva por explorar. Vai uma centopeia
rica em ómega 3? Ah, e ainda que os grilos são muito mais eficientes que a vaca
porque para fabricarem a mesma proteína comem 24 x menos e produzem por isso
muito menos gases com efeito de estufa, como o metano. Vai um bitoque de grilo?
E que tal um caviar de ovas de mosquito? Qual Dadaísmo qual quê!!!
O mundo está todo de pernas para o ar e o país segue a moda
cegamente com a cabeça bem enterrada na areia num contributo inestimável ao
novo movimento surrealista onde o caos é a nova ordem, a loucura é a nova
sanidade assim como roubar a muitos é poupar e a incompetência é a nova
determinação e por aí adiante numa clara e surreal subversão da ordem instituída.
Estava tudo muito bem se não fossemos obrigados a viver
todos dentro do absurdo como se de um quadro de Dali se tratasse, onde a lógica
é derretida pelo deserto do falhanço que é a nova coragem politica – falhar,
falhar de novo, falhar pior e eis-nos numa peça de Samuel Beckett reescrita a la portuguesa, pelos
arlequins Coelhão, Gasparzinho e Portolas que já é um clássico do novo movimento
surrealista (qual Carnaval do Miró qual quê!).
No fundo, no fundo os novos surrealistas que devem as suas
origens aos membros do governo português, são uns românticos em busca de uma
nova supra-realidade sem velhos, funcionários públicos, professores, jovens
imberbes e demais incómodos que atentam contra a promessa de uma radical
transformação social, se possível, sem pessoas. Coisa que nem os Surrealistas
originais sequer alguma vez sonharam.
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