Friday, July 27, 2012

AT THE SEVENTH ITEM THE WRITTER RESTED AND REINVENTED THE DOLCE FAR NIENTE!/ONDE O CRONISTA DESCANSOU AO SÉTIMO PONTO E REINVENTOU O DOLCE FAR NIENTE!





1. Juro. Há bloggers com milhares de visitas por dia que escrevem um post inteiro sobre rabos, peitorais e pernas bem ou mal torneadas, na praia, e não é um blog de fitness! Eu vi. Mas, não são só as literaturices anorécticas das meninas dos blogs a brincarem a Pop Stars no meio de uma crise de adolescência tardia. Eles são depois as dezenas de comentários ao dito cujo, que nem chegam ao nível de uma animada conversa da treta entre Margarida Rebelo Pinto e o Mickael Carreira, na Casa dos Segredos, moderada pela Teresa Guilherme. Credo, olha o que eu fui inventar na minha cabeça sado-masoquista!!! Serão já as influências porno-soft das “50 Sombras de Grey”?




2. Hoje acordei com a música do António Variações na cabeça “ Porque só quero estar onde não estou… porque só quero ir onde não vou” … o que não faz muito sentido porque no meu rádio-despertador estava a tocar o Viver a Vida “ A vida são só momentos que não se repetem mais/Não importa onde foste, só interessa onde vais…”! Enfim, idiossincrasias da cultura popular! Não me posso esquecer de mudar a estação da rádio porque despertar com o Carreira filho a incentivar a viver a vida é o mesmo que dar de comer à vaca e não querer que ela regurgite. Enfim…




3. Cada vez é mais raro ouvir-se a expressão “ Hoje tô de bobeira” e olhem que não é por já não ver telenovelas da Globo. Não fazer nada no nosso tempo é sinónimo de crime hediondo cometido por pessoas horríveis a quem, tais vitimas de uma espécie de lerpa vintage, nem devia ser permitido conviver com o comum dos mortais. De facto, os tempos de espera foram eliminados pelo frenesim dos tecno-dispositivos pessoais e mesmo naqueles períodos de tempo vazios, nos intervalos entre duas tarefas agendadas, já não passamos sem ocuparmos o nosso espírito com salas de chat e postando nas redes sociais. Existirmos na internet, ininterruptamente, 24h/24h é uma condição essencial para dar a saber que estamos vivos (e para nós próprios sabermos que os outros sabem que existimos). Esqueçam as pulsações, o espelho junto à boca, os aparelhos medidores de sinais vitais, hoje a nossa prova de vida passa por estarmos todo o tempo ligados a todos, até enquanto dormimos.





4. As novas gerações desaprenderam totalmente o que é estar sem fazer nada. Estender uma toalha na praia e estarmos de papo pró ar a olhar as nuvens que passam, ou estarmos sentados numa esplanada a olhar o vazio, à espera de alguém ou de que algo aconteça, não fazer absolutamente nada, excepto pensarmos ou nem isso (numa espécie de meditação sem implicar fundamentalismos vega), é sinal absoluto de demência, de preguiça crónica ou pior de desadequação social que leva os pais a correrem ao pediatra com receio de que os seus rebentos sofram de uma espécie rara de autismo.



5. Se no passado as grandes ideias nasceram enquanto os génios descansavam, no intervalo das suas maratonas nos laboratórios, isso justifica porque é que o nosso tempo é um árido deserto de ideias verdadeiramente interessantes e inovadoras. Se os pretensos génios de agora e do futuro, passam o tempo “livre” a jogar Sims Social, a encontrar a Bolha Perdida/Lost Bubble ou a sonhar com a casa ideal na The Ville, o resultado não pode ser animador. As aplicações das redes sociais estão para os génios como os bloqueios criativos estão para os escritores e isto já não vai lá com WC Pato. A merda maior acumulada ao longo das horas passadas a ocupar-nos com merdinhas já não se dissolve com o velhinho piaçaba. Os génios são agora os avatares e os verdadeiros autistas sociais medem-se pela quantidade de entradas, twits, likes e repins dedilhados ao longo de 24h. Quanto mais elevado o número mais probabilidade há de estarmos perante um caso grave de síndrome do livro das trombas ( face/book), a doença do pássaro azul e outros vírus similares.




6. O descanso está para o trabalho como a saúde para a doença, nenhum animal sem ser o homem trabalha mas até aqui todos descansavam. O homem arrisca-se, assim, a ser o único animal que para além de trabalhar, também deixou de estar ao laréu. As consequências serão mais catastróficas que o degelo na Gronelândia. Se é verdade que não há Planeta B também não há Homem Lado B. Estou genuinamente preocupada com as gerações iGnorantes dos telefones inteligentes, da tecnologia a 4G e dos jogos a 3D, mas, em que o cérebro humano só funciona a preto e branco e a dois tempos: ligado/desligado.



7. Possivelmente, os cientistas Pop Stars são os que se dedicam a melhorar a tecnologia, mais preocupados em inventar menus cada vez mais simplórios e básicos (dizem eles “intuitivos”) do que em inventar a cura para doenças mortais porque se sabe que os seus utilizadores serão cada vez mais estúpidos e está provado que a estupidez é fatal e altamente transmissível. Hoje em dia é muito mais importante que o saber universal se baseie em conseguir aceder às aplicações e jogos dos smartphones do que saber qual é a capital dos EUA (não, não é Nova Iorque). Qualquer dia inventam um iPorra tão fácil, tão fácil que até as galinhas vão poder brincar com ele, mesmo que não tenham dentes.

Tenham um óptimo fim-de-semana e não façam nada por amor de quem quiserem!




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