Monday, November 21, 2011

NOT FRIDAY'S BUT MONDAY'S Chronicle because... I feel like ( Portuguese Version)

Quando era criança, meus pais eram aquele tipo de pessoas que ensinam aos seus filhos que não podem fazer tudo aquilo que lhes passa pela cabeça. Assim, cresci plenamente convencida que nunca me poderia tornar naquilo que mais gostava. Ser uma dançarina clássica, ter uma profissão ligada à moda, ou sequer uma artista de qualquer género estava totalmente fora de questão. Os meus pais eram, e ainda são, tão terra-a-terra que me fizeram acreditar que o meu verdadeiro destino era tornar-me uma médica, uma advogada ou uma engenheira… essas sim profissões reais necessárias à realidade do mundo.


Foi então que me tornei numa advogada durante cerca de 11 anos, até que um dia baralhei a minha vida e desisti da atitude terra-a-terra, herdada dos meus pais, para encontrar outras formas de me expressar. Comecei por arranjar dois pássaros exóticos, e dei-lhes o nome de Dior e Chanel, um de plumagem amarela e outro de penas azul-cobalto. Logo em seguida resolvi, firmemente, tornar-me na “Mulher viva mais sexy” nomeada por uma qualquer revista cor-de-rosa. Estaria tudo muito certo se eu não fosse uma pessoa demasiado cool e com um perfil muito clean e para além do mais detestava hot pants. Então, decidi mudar a minha estratégia: Como tinha dois pássaros com nomes de icónicos personagens do mundo da moda, tornar-me-ia a mais votada “Celebridade viva do mundo da moda”. Estaria tudo muito bem se eu percebesse alguma coisa de moda, ainda que isso não fosse um verdadeiro problema já que as mais famosas celebridades no mundo da moda nada sabem acerca do tema. Só têm que ter o dinheiro suficiente para contratar alguém que esteja convencido que sabe muito sobre moda. Assim, os meus objectivos eram: arranjar dinheiro, bastante dinheiro, depois contratar uma stylist que me vestisse com um visual hiper-bizarro e o mais importante conseguir algumas atitudes o quanto mais estranhas melhor, tipo vomitar e regurgitar em locais públicos, viciar-me em qualquer tipo de droga, ser apanhada em falta por um policia bem parecido numa rusga, ir para a cadeia por um tempo e cumprir uma qualquer pena cívica tipo servir sopa aos pobres com uns Louboutin fantásticos emparelhados com jeans rasgados e t-shirt XL para parecer impossivelmente magrizela.    
Dior era o pássaro macho que devia mandar na gaiola mas ele não estava plenamente preparado para o árduo trabalho que era entender uma coquete como a fêmea Chanel. Em certas coisas eu era demasiado parecida com os meus pais porque queria que o pássaro macho se comportasse como tal, e provavelmente ele não estava à altura das circunstâncias. Dior preferia passar o dia a cantar e tratava muito mal a sua companheira Chanel. Não os vi copolar uma única vez desde que viviam na mesma gaiola. O pássaro passava o seu tempo a invejar as penas azul-cobalto da fêmea Chanel. Dior sofria desse tipo de insegurança que afecta certas pessoas que por mais magras que sejam pensam que são obesas, e levam o tempo todo, irritantemente, a descreverem a comida engordativa que ingeriram no dia anterior. Dior era tipo “ Sou um pobre pássaro, coitado de mim, com estas penas amarelas, tão sem graça e vulgares que preferia morrer”, ao que o pássaro Chanel replicava “ Estás tão acabado meu querido, demasiado brilho nas tuas penas doiradas, tão excessivas e tão estação passada”. Podia aprender muito sobre moda com os meus pássaros, coisa que nunca imaginei ser possível!
Um dia o pássaro Dior suicidou-se na sua gaiola, ao tentar ser tão minimalista quanto a sua Chanel gostaria. O pobre pássaro arrancou uma a uma as suas penas doiradas, esperando que lhe nascessem novas a preto e branco, acabando assim com o excesso de brilho foleiro que tanto fazia rir a sua fêmea. Mas, ele acabou por morrer de hipotermia e o pássaro Chanel começou a gostar de plumagem doirada e cheia de brilhos na estação seguinte à morte do macho Dior. Como punição pelo seu coração duro para com o pobre macho, mudei-lhe o nome de Chanel para Rachel Zoe.


Quando desisti de ser advogada não tinha um plano B. Pelo que não sabia como conseguir dinheiro suficiente para me tornar uma celebridade. Não era aquele tipo de pessoa que casa por dinheiro, e estava plenamente convencida que amor e dinheiro jamais vêm juntos e com final feliz. Pelo que a única solução à vista para arranjar dinheiro seria vender o pássaro ex-Chanel e agora Rachel Zoe no ebay. E assim fiz… com o dinheiro conseguido com a transacção fui a uma boutique Marc Jacob e comprei a única coisa para a qual tinha dinheiro suficiente: Um lenço com padrão tatuagens a repoduzir aquelas que Jacob tinha gravado por todo o seu corpo nu. Depois, arrendei um estúdio de um amigo e comecei, loucamente, a tirar fotos do lenço dentro da gaiola vazia dos meus ex-pássaros, de todas as maneiras que a imaginação conseguiu encontrar. Mas, até hoje convenço-me que se fui nomeada pela revista Gente a “Mais famosa celebridade viva do mundo da moda” e se ganhei com larga vantagem, foi, certamente, devido ao meu brilhante desempenho numa reality show da TV onde passei o tempo todo a contar a sádica história dos meus pássaros Dior e Chanel. Daí a ser convidada para escrever um livro e a ser patrocinada para criar um blog foi um passo curto. Os meus pais não cabiam em si de orgulho, mas, nunca lhes disse que a minha fama não foi resultado da forma honesta e simples de como eles me educaram, mas, que tudo tinha começado por ter vendido o meu pássaro de estimação no ebay. Isto é o que o mundo é e eu tenho o mérito suficiente de o saber entender.   


 ( E agora porque é que me estão a revirar os olhos ? Vão antes revirar os olhos por uma novela de Haruki Murakami, vá vão lá! Está bem que eu não escrevi a "Melancolia" de Lars Von Trier, mas sei perfeitamente do que estou a falar! Sou uma celebridade trivial, bem fodida e estou nos laços angustiantes de uma depressão porque fui aconselhada a faze-lo para criar empatia com os meus fans. Não sou um produto do Erasmos é certo, mas, não sou burra. E tudo o que quero para o Natal é poder estrangular essa gente estúpida que me ataca por pura inveja e que pensam que celebridades como eu são todas tolas e vaidosas. Cancelem o pónei. )                        

1 comment:

  1. Gosto muito do conteúdo do seu blog, não fala de moda por falar, contextualiza e ainda dá a sua opinião pessoal! cumprimentos*

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