Miguel Vieira SS 2011 - Photo by Paula Lamares |
When I asked to all kind of people what did they thing about Portuguese fashion, concerning the last edition of ModaLisboa Spring/Summer 2011, they answered me the same: Lisbon Fashion Week compared to London Fashion Week, Paris and New York, we have a long way to go. But gets the impression we are slowly being more recognized internationally.
Quando eu perguntei a variadas pessoas de diferentes formações e proveniências o que pensam da moda portuguesa, a propósito da última edição da ModaLisboa Primavera/Verão 2011, e todas deram respostas identicas: A semana da moda de Lisboa comparada com as semanas da moda de Londres, Paris ou de Nova Iorque, temos ainda um longo caminho a percorrer. Mas, há a opinião generalizada que nós estamos lentamente a conseguir mais reconhecimento internacional.
Portugal is rather new as a design nation, but in the last 10 years the industry has grown and there are a lot of engaged and talented people in the field today. I feel a big effort is made to make it better each year, thanks to ModaLisboa and Portugal Fashion at Oporto, and other local events that are not so big but they can motivate the public to be more open to know and buy Portuguese designs.
O design em Portugal é algo relativamente novo, mas, nos últimos 10 anos a indústria cresceu e hoje há uma série de novas talentos a surgir e mais pessoas ligadas ao mundo da moda. Sinto que está a ser feito um esforço de ano para ano para se melhorar, graças ao trabalho de quem gere e organiza a ModaLisboa e no Porto, o Portugal Fashion., assim como a eventos locais que um pouco por todo o lado estão a surgir com apoio das instituições municipais como as Câmaras e que têm o mérito de motivar as pessoas para a apreciarem e comprarem moda feita por criadores portugueses.
Alves/Gonçalves SS 2011 - Photo by Paula Lamares |
I think Modalisboa is special because it leaves room for small designers to have shows with the LAB projects and to do something different, for example, the fashion shows in the Ribeira Market, between fruits and vegetables. So, What I love most in Lisbon Fashion Week is its ability to blend in new talent like White Tent with the more established names like Ana Salazar, Maria Gambina, Alves/Gonçalves and so on. Also in Portugal Fashion (Oporto) there was a space “Bloom” dedicated to the new young designers and upcoming talents like Carina Duarte, Hugo Veiga, Luciana Teixeira among others. New designers have the ability to dare more than the established ones, and in this edition of fashion weeks, in Lisbon and Oporto, they brought some freshness to the catwalks.
Alexandra Moura SS 2011 - Photo by Joao Lamares |
Ribeira Market - Photo by Paula Lamares |
I’m fascinated to the excitement that surrounds Fashion Weeks and I’m always moving from a place to another trying to capture the extreme energy involved models, designers, backstage artists/stylists, photographers and public. All seek nothing less than perfection, the designers on the runway, the gossip people looking for the perfect style to sit on the front row, and of course the fashionists with their own vision of fashion; I really love people looking for stood out from their surroundings. Fashion events like this make people more daring in their looks and frequently we can find some fabulous mixes of textures, shapes, accessories which we only can see in magazine editorials or in night clubs usually frequented by fashionable people.
Eu sou fascinada pela excitação que rodeia as semanas da moda, e não páro de andar de lado para lado tentando captar ao máximo a energia extrema que envolve modelos, criadores, pessoal de backstage, fotógrafos e público em geral. Todos em busca da perfeição momentânea - tudo na moda é tão transitório e marcado pela fugacidade do tempo - os criadores na passerelle, os famosas que procuram obsessivamente o look perfeito para a fila da frente nos desfiles favoritos, os fotógrafos que procuram cristalizar a fugacidade, e claro os fashionistas com as suas próprias e originais visões do que a moda seja; eu adoro realmente as pessoas que se atrevem a sair do nivel de conforto dos demais que os cercam! Os eventos de moda como estes torna as pessoas que nele participam mais atrevidas na invenção do seu look e frequentemente podemos assistir a misturas fabulosas de texturas, acessórios, formas... a que normalmente só temos acesso em editoriais de moda ou nos locais nocturnos que os fashionistas frequentam.
Aleksandar Protic SS 2011 - photo by Paula Lamares |
Nesta edição Primavera/Verão 2011 da ModaLisboa "In the Market" houve coisas que podiam ter corrido melhor e outras que correram muito bem. O pior, em meu entender, foi o dilatado atraso dos desfiles! Os últimos desfiles começaram tão tarde -perto da meia-noite - que houve imprensa que por compromissos assumidos tiveram que abandonar o espaço. Isto é algo que tem que ser melhorado em próximas edições. E tenho uma sugestão também para a organização da ModaLisboa: Porque bão brindar a sala de imprensa com um cesto de fruta e algumas sandwiches simples. Os jornalistas nestes eventos e durante todos os dias em que ocorrem mal têm tempo para sair do local e fazerem uma refeição decente. Pelo que uns snacks seriam muito bem vindos!
What I like most was the place chosen by the ModalIsboa’s team. The places were always good choices, plenty of room, good car parking and very good access by bus and train. Mercado da Ribeira /Ribeira’s Market is a beautiful historical place and made things more interesting in the point that it allowed to mixed all kind of people who usually never intersect in their daily life.
O melhor para mim da ModaLisboa para além de como já referi darem espaço aos promissores jovens que representam o futuro da moda em Portugal, é sem dúvida a escolha inteligente dos espaços. Sempre com bons acessos e estacionamento e em locais emblemáticos da cidade de Lisboa como nesta edição o lindissimo Mercado da Ribeira. Adorei sobretudo a interacção entre pessoas aparentemente de modos opostos e que difiilmente se cruzariam no quotidiano.
Dino Alves SS 2011 - Photo by Joao Lamares Photography |
About the collections, I must confess that I rather prefer the Fall/Winter collections than the hot Season ones. I love jackets, coats; boots… In my opinion Winter cloth in generally is more elegant and distinct. The color palette, in Lisbon fashion week, was very consensual between the designers: pastel, nudes, and grey, black and white. There’s a lack of prints, mainly floral prints that we could see in New York, London, a lot in Milan and even Paris. Coincidentally, in Portugal Fashion there was an explosion of colors and prints!
Sobre as colecções propriamente ditas, tenho que confessar que em geral prefiro as colecções das estações frias, isto porque adoro casacos, botas, e abafos... Nesta edição da ModaLisboa os criadores tiveram em plena sintonia no que se refere à palete de cores: tons pastel, nude, cinzentos, preto e branco. Senti a falta de estampagens, sobretudo as florais que inundaram a passerelle lá fora. Em contrapartida, na passerelle do Portugal Fashion as cores fortes e os padrões explodiram.
Alves/Gonçalves SS 2011 - photo by Paula Lamares |
I already made a review of each collection showed in Modalisboa but in this “Final Cut” I couldn’t let go the opportunity to refer some aspects about some proposals that I loved most. Aleksandar Protic had an amazing silhouette for his S/S11 collection. Protic’s show had a great cohesion between clothes, accessories and models’ make-up and hair styling which result in a very focused proposals with new concepts in mind. The palette were minimal underlined the shape and cuts, very beautiful. I would like to refer also the Alexandra Moura’s collection and her cosmic prints and oversized glasses mixed with a sixty inspired silhouette. I loved this intersection between the past and future of Alexandra’s conceptual proposals. Dino alves’ collection “ID” was another I loved most. I loved the concept – the multiplicity of virtual identities versus lost individual identity – and his very contemporary forms showed by a faceless body. A focused collection with strong ideas – geometric shapes applied in front that can move to the rear and shapes changed by pockets - and at least wearable and versatile pieces in minimal silhouettes. I saw the Dino Alves’ show with “New Look” in mind (One of my favorite fashion period). A finally word to the return of Maria Gambina after many years away from the ModalIsboa’s catwalk, the most romantic collection of all. Inspired in the drama of the lovers Pedro e Inês, I loved the false pleats and openings sleeves inspired in the clothing of the time as the make-up and hair styling of the models. The colors were also beautiful, with a palette that ranges from bordeaux, nude, light yellow, gold, pistachio, red and purple, in a very mature and balance play of colors.
Apesar de já ter feito uma review da grande maioria das colecções que estiveram presentes na ModaLisboa, neste Final Cut não quero deixar de referir alguns aspectos que mais me marcaram nos desfiles a que assisti. Desde já uma referência ao desfile de Aleksandar Protic que adorei do principio ao fim. Refiro-me às fantásticas silhuetas de Protic nesta sua colecção Primavera/Verão 2011, assim como a grande coesão das suas propostas com a make-up e styling de cabelos das modelos que se traduziram num show muitissimo interessante. Os criadores portugueses não dão ainda a devida importância ao "espectáculo" como parte do desfile que não serve unicamente para "passar" roupa mas sobretudo para mostrar os conceitos e a inspiração que tiveram na origem da colecção. Foi o caso da Alexandra Moura que nos ofereceu um desfile fantástico onde a conceptualização da colecção esteve bem patente na criatividade dos óculos oversize a condizer com as peças de padrão cósmico e as silhuetas anos 60, numa intersecção entre passado e futuro tão ao gosto da criadora. Não posso também deixar de referir a colecção de Dino Alves "ID" sobre as multiplas identidades virtuais que o individuo assume e onde se perde com frequência. Os modelos com um styling uniformizado "faceless" não só fizeram destacar a roupa como mostraram o conceito por detrás da colecção. Adorei a inspiração "New Look" de algumas peças. Finalmente, não posso deixar de referir como outro ponto positivo desta edição da ModaLisboa o regresso se Maria Gambina ao palco da semana da moda de Lisboa e se o regresso do romantismo se faz anunciar para a próxima Primavera/Verao 2011 com os padrões florais, blusas de laçada e transparências, a colecção de Maria Gambina, inspirada na história de Pedro e Inês, segue nesse campo as tendências internacionais. Adorei os falsos drapeados e as aberturas nas mangas inspiradas no vestuário da época. Os jogos de cores revelam um equilibrio muito maduro entre o bordeaux e o nude, amarelo luminoso, doirado, verde pistachio, vermelho e purpura.
Aleksandar Protic SS 2011 - photo by Paula Lamares |
In the end I’m always positive and hopeful in what Portuguese fashion is concern. Of course there is a long, long way of sinuous curves and difficult crossroads but when I look at to the work of youngest designers from schools like CITEX and others I think that we are in the good way to conquer a place in the demanding and hard fashion’s global market. So the Portuguese industry - with good textile traditions - have the capacity to invest and promote young talent, and investors could really see that fashion industry it’s a serious business and not just an affair with the artistic world.
Sou sempre muito positiva e esperançosa no que respeita à moda portuguesa. Claro que reconheço haver um longo percurso a percorrer cheio de curvas sinuosas e dificeis encruzilhadas mas quando olho para o trabalho dos mais jovens estilistas proveninetes do CITEX e de outras escolas que entretanto surgiram em Portugal, penso que estamos no bom caminho para conquistar um lugar no exigente e duro mercado da moda internacional. Assim a insdustria portuguesa, com tão boas tradições nos têxteis, tenha a capacidade de investir e promover os nossos designers, e os investidores passem a olhar a moda portuguesa como um negócio sério e promissor.
Sabe, Paula, eu quando olha para a moda portuguesa, em geral, dá-me a impressão que jogam muito pelo seguro, com algumas excepções (Ana Salazar, Storytailors,...). Mesmo em relação à paleta de cores, acho que foi coerente demais. Actualmente, o lote de cores apresentado pelos estudos de mercado é vastíssimo, cabe ao designer escolher uma paleta e algumas combinações de cores. E parece-me que os designers portugueses escolheram todos a mesma paleta... Mesmo a nível de formas ou silhuetas, não apostamos como devíamos, são muito semelhantes de um designer para outro, o que causa, em meu ver alguma monotonia. Ocorrem-me algumas razões possíveis. A primeira e mais evidente: a crise. A crise causa muita retracção, e o design reflecte-a, uma vez que tende a simplificar-se, a estilizar-se, a focar-se num determinado conceito que se saiba rentável, etc. E, como se sabe, a crise afecta imenso as empresas portuguesas, principalmente na área do têxtil e também no design de moda. O designer de moda, aqui, só pode ser alguém muito altruísta, para como diz a Maria Gambina, continuar a 'criar castelos no ar', muitas vezes. Mas será só a crise? Ocorre-me que Portugal tem a fama de se sentar à sombra dum chaparro à espera que a vida passe... será que, a ser verdade, essa situação ocorre também com os designers portugueses? O que eu quero dizer com isto é que para mim, o que acontece é que os designers, que têm obrigação de se colocar numa lógica de inovação, jogam pelo seguro, parece que esperam por saber o que vem lá de fora e restringem o seu trabalho às directrizes emanadas pelos catálogos de tendências. Mas, também me ocorre uma ideia positiva: será que somos um povo tão coeso, nas nossas escolhas, nos nossos gostos, na nossa maneira de ser, que os designers, esses seres que muitas vezes saem do patamar de conforto que os cerca, como diz a Paula, reflectem esta característica no seu trabalho? E, aliás, será que isto pode transmitir uma imgem positiva, de força e coesão para os olhares estrangeiros? Enfim, a moda portuguesa, em grande parte, devido ao facto de eu mesmo ser português e futuro designer (se é que um diploma torna as pessoas o que quer que sejam), suscita-me muitas dúvidas às quais gostava de poder responder...
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