Confesso que da revista Visão que sai às quintas-feiras gosto de ler as crónicas do António Lobo Antunes e do Ricardo Araújo Pereira, quase tanto como no jornal Expresso a opinião de Miguel Sousa Tavares. Digamos que me considero uma mistura dos três, dependendo dos dias. Há dias em que gosto de me armar num certo optimismo filantrópico e cheio de humo...r com inspiração nas tias de Cascais que andam sem cheta e trocaram a Loja das Meias pela feira de Carcavelos que, segundo elas dizem, está cada vez mais chique. Por isso é vê-las todas giraças nas suas madeixas tricolores de porchette “Gutchi” e t-shirt “Giorge Armandi” com umas skinny “Guessi”. Mas, outros dias puxo tal e qual pelo pessimismo de escritor agastado com a vulgaridade, mas, sem dúvida obcecado por ela. Esses dias que são necessariamente cinzentos e cheios de árvores murchas, mulheres-a-dias gordas e Manéis vazios com Pessoa dentro a saírem de uma Tabacaria. Mas, ele há dias, senhores, que me apetece dizer mal de tudo e do seu contrário, e adoro escarafunchar na pequenez nacional que se divide em contra-Sócrates e em contra-mão de qualquer governante que se preze e que segundo o Miguel despreze o país que até podia ser um local aprazível se não fossem os portugueses, as redes sociais e os bloguistas que, segundo ele, são as novas cantigas de escárnio e mal-dizer mas sem a graça das originais. Por isso leio sempre atentamente as 3 opiniões tão diferentes como deus, o espírito e o santo, sendo que ao Ricardo só resta mesmo a alternativa de ser o espírito da coisa, e claro nem vou dizer quem é dos três o deus!!! Sendo que por exclusão de partes o Lobo jamais poderá ser um santo. Enfim, assim me divirto e se me apetece suicidar após ler o Lobo Antunes, logo ressuscito com o Ricardo Araújo Pereira e quanto ao Miguel, terei que esperar por sábado para decidir se vivo e mato ou se imigro. Entretanto, vou ali comer uns caracóis e umas imperiais antes de me decidir se vou escrever a minha biografia, ou ver o último discurso do Cavaco no youtube. Fatalidade é mesmo ficar sem o Expresso por ter esgotado com mais um escândalo politico de intrigas palacianas à moda portuguesa, e pior que isso é descobrir que a manteiga para as torradas acabou e o próximo Pingo Doce fica a 12 quilómetros da minha casa. Porque não há nada pior que um pequeno-almoço frustrado para estragar o fim-de-semana.
Ilustração de Joao Fazenda roubada da Visão
No comments:
Post a Comment