Monday, January 26, 2015

INSPIRATION: VIOLETTA AND SÓCRATES - ARE THEY THE REAL POP STARS?


 

 Comparar o fenómeno Violleta com a recente manifestação popular a favor da libertação de José Sócrates não lembraria a ninguém, mas, dado a proximidade dos dois acontecimentos há que refletir em conjunto estes dois fenómenos sociais. A surpresa é, feita uma análise mais atenta, a similitude entre ambos.  

Numa primeira abordagem, diria que Violetta e Sócrates são ambos causadores de fortes diarreias de fanatismo popular, irracional e puramente “porque sim”. É como ser-se de um clube de futebol, não há argumentos, nem são precisos. Tanto a personagem da Disney como o ex-primeiro ministro têm perfis de autênticas estrelas Pop que arrastam multidões e comovem corações.

Violetta (Martina Stoessel) é uma adolescente musicalmente talentosa que retorna a Buenos Aires, sua cidade natal, onde descobre amizades e sua vocação pela música, após passar uma temporada na Europa. A série de televisão argentina bateu recordes de audiência e deu origem à banda "Violetta", formada por integrantes do elenco.

Conheço pessoas que ficaram na fila da FNAC 8 horas para comprarem bilhete para o espetáculo da Violleta Live. Foram 72 mil bilhetes vendidos para as seis sessões da megaprodução que trouxe a Portugal grande parte dos personagens da série do Disney Channel ao palco.

A histeria das pré-adolescentes até se compreende, é própria da idade em que se vibra com aquilo que faz mover o grupo a que se quer à força pertencer. Mas, o que dizer das próprias mães que aceitaram gastar largas centenas de euros num concerto, entre preço do bilhete, deslocações e alimentação. Levaram as filhas, as filhas das amigas e as amigas das filhas, vindas de Norte a Sul do país. Levantaram-se às seis da manhã para virem num comboio lotado ao concerto a Lisboa. E a avaliar pelos relatos nos órgãos de comunicação também choraram “ de emoção” junto com as filhas. Venderam-se bilhetes de 500 euros só para tirar uma foto com a Violleta, para além de assistirem ao concerto mais perto do palco. A potente máquina de marketing por detrás da Violleta é dirigida sobretudo aos pais que não lhe conseguem resistir.



Já o fenómeno José Sócrates é tão surreal como o de Violetta, mas, muito mais perigoso e igualmente assistido por uma bem oleada máquina de modernas ações de marketing. O alvo? O povo castigado, facilmente coagido e com um elevado grau de irracionalidade, por isso mais maleável que barro morno.

Um bom exemplo disso foi, pois, o recente ajuntamento popular que contou com cerca de 100 manifestantes da região da Covilhã que chegaram em duas camionetas e concentraram-se este domingo em frente à cadeia de Évora para participarem numa ação solidária para com o ex-primeiro-ministro. Já não são só os discursos dos taxistas a favor de Sócrates, nem as opiniões de café misturadas com uma imperial e sandes de courato que elegem o indiciado de crimes que lesaram o povo português a melhor primeiro-ministro depois do 25 de Abril (os mesmos que elegeram Salazar a figura do século).   

Indiciado por fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais, ainda assim Sócrates é alvo de carinhoso apoio de populares. Não só são os amigos políticos, aqueles a quem Sócrates “pagou” favores e nomeações, nem membros da família socialista… são pessoas comuns, gente humilde (e as maiores vitimas dos governos Sócrates) vindos de propósito da Covilhã para entoarem o lema “Sócrates amigo a Covilhã está contigo” e depositarem cravos e rosas junto à porta da prisão.

Assim se pariu um mártir das malhas da (má) justiça, a defesa de Sócrates está a fazer-se na rua.

Estes dois fenómenos Violetta e Sócrates dispõem ambos de poderosas máquinas dirigidas à emotividade e às fraquezas das pessoas (adultas) que não resistem aos seus apelos. As multidões são acéfalas e especialmente sensíveis ao apelo da heroicizarão (no caso de Violleta) e da martirização (no caso de Sócrates).

A má consciência de que não somos tão bons pais como desejaríamos face às exigências pessoais e de carreira podem justificar a machadada no orçamento de muitas famílias que se viram na audiência esgotadíssima dos concertos de Violleta. O que já não é assim tão facilmente explicável é a histeria coletiva que contagiou também as mães e que as levou a comprarem às filhas o visual integral “Violleta” e que estou certa de que só o pudor impediu as ditas mães de envergaram os modelitos acaso os houvesse em tamanhos L ou XL.

Já no caso de apoio a José Sócrates que em muito contribuiu para o afundanço do país e as sucessivas receitas de austeridade que lançou ainda mais para a pobreza as pessoas que agora se viram na manifestação de Évora, as coisas não se explicam por más consciências. Mas, talvez as T-shirts envergadas pelos manifestantes nos digam muita coisa sobre o assunto que melhor do que ninguém a ciência do marketing pode explicar!

 

No comments:

Post a Comment